segunda-feira, 31 de maio de 2010

Escuridão. Não, mais que isso. Um completo breu.

O aposento é pequeno. As paredes, antes brancas e lisas, estão repletas de desenhos agonizantes. Na porta - simples, cinza -, é possível ver marcas de unhas, do desespero de achar uma saída. Esparramados pelo chão frio, papéis, restos de pó branco e de solidão se misturam a seringas usadas, pequenas poças de sangue e excrementos de ratos. Jogado em meio a tudo isso, deitado, está ele. Contrastando com tudo em volta, a pele extremamente branca de seu peito nu se cola aos ossos. Não há vida em seus olhos saltados. As marcas de cortes e de furos nos braços revelam como ele tem passado os dias. O único som do lugar é o de suas arfadas, tentando captar um ar que não virá.

Ele levanta o braço e pega algo pouco maior que sua mão. Mete a outra dentro de uma pequena caixa e pega mais seis pequenos objetos. Um deles sou eu. Não tenho escolha. Fui criada para isso.

Coloca-nos no lugar. Serei eu a escolhida?

À minha volta, tudo começa a girar.

Puxa o gatilho.

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