quinta-feira, 17 de junho de 2010

Maternidade

Na maternidade, mais um choro de mais um recém-nascido. Era eu. Um dia cinzento na grande cidade, os carros continuavam a buzinar, um dia normal. Mas eu estava nascendo. Pela primeira vez, de muitas.

Quando criança, mais uma na escola. Bagunceira, brincalhona, mas apenas mais uma criança. Até que veio o meu segundo nascimento. O primeiro beijo veio e se foi como se fosse apenas mais um.

Mais um, também, foi o meu primeiro filho. Mais um choro, os carros continuavam a buzinar, mais um dia normal. O meu terceiro nascimento.

O primeiro filho veio e se foi como se fosse apenas mais um. Foi vítima dessas coisas banais do dia-a-dia: violência, criminalidade... Mais um para as estatísticas, mais um túmulo, e o meu quarto nascimento.

Os anos se passaram, enquanto mais coisas banais e normais aconteciam.

Mais uns anos depois, fui mais uma vítima de mais uma coisa banal. Mais um morto, de mais um ato de insanidade humana, mais uma guerra, mais uma bomba, mais uma explosão, mais um morto.

Ou seria mais um nascimento?

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