sábado, 21 de agosto de 2010

Capabaixo

Põe água na rosa.
- Põe fogo na rosa.

Não, na rosa não.

Era tudo mentira?
Ou é tudo saudade?


¿

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A Matemática

O sinal fechou.

Os malabares de fogo rodaram no ar. Ele era colorido. Invisível. As chamas brilhavam em seus olhos. Seus braços iam de cima para baixo rapidamente. Concentrava-se em não errar. Apesar disso, após um leve desvio, as palmas de suas mãos tostaram na ponta do bastão. A fumaça cinza que subiu cobriu sua cabeça por um momento. Quando dissipou-se, era possível ver rugas de um homem velho marcadas na pintura do rosto.

Andou entre os carros, a mão enegrecida estendida à espera do dinheiro. O preto das janelas refletia o castanho fundo de seus olhos, tão destacado no meio de tantas cores em seu chapéu. No único carro com vidros transparentes, um inocente rosto de menina olhou para ele. A criança sorriu. Por um momento, pareceu que ele ia ceder. Sua boca se contorceu numa expressão de esforço. Abaixou a cabeça, virou-se e caminhou para longe. No carro, com o nariz colado no vidro e olhos suplicantes, a menina o observava. Ele não olhou para trás. Nunca olharia. Olhou para o sinal e percebeu que estava aberto para os automóveis. Saiu do meio da rua e foi sentar-se no canteiro da calçada.

O Palhaço contou as poucas moedas e olhou para o céu. Não rezou. Sabia que não havia nenhum anjo para ele. Levantou a cabeça apenas para não deixar que as lágrimas escorressem e estragassem a pintura do rosto. Tirou o nariz vermelho e jogou a pequena poça de suor de dentro dele no chão. Esperou.

O sinal fechou.